Volta às aulas
Publicado em : 09/08/2019
Volta às aulas
por Vera Lúcia Wohlgemuth Lobo*
Iniciamos o segundo semestre de 2019 trazendo em nossas bagagens muitos estudos, leituras e reflexões sobre como fazer da escola um espaço cada vez mais amplo de convivência e de troca de experiências que, certamente, favorecerão o desenvolvimento de hábitos mentais. Esses hábitos contribuem para a potencialização do pensamento complexo, que analisa os conhecimentos de forma contextualizada, integrada, abrangente e completa, deixando de lado a visão fragmentada que ora nos foi apresentada.
Sabemos que nossos estudantes também viveram grandes experiências nessas férias, pois tiveram tempo para brincar muito, viajar, ler bons livros, assistir a bons filmes... Todos saímos da rotina diária e pudemos viver um tempo de ócio. Ócio este que, como nos diz o sociológo Domênico di Masi, favorece o desenvolvimento da criatividade.
O tempo corre rapidamente e paramos pouco para refletir sobre o que vemos, ouvimos, sentimos e vivemos. Frente a esta rotina extenuante, mal percebemos que já estamos em agosto, em setembro entramos na estação das flores e em dezembro, que já está aí. O verão chega e o ano de 2019 se despede, abrindo-se para novas promessas que faremos nas vésperas de 2020.
Queremos, sempre, explorar e aprofundar nossas percepções e conhecimentos sobre o “mundo das coisas” e sobre as “coisas no mundo”. Quanta diversidade, quantas curiosidades existem nesse mundo complexo em seus sistemas que convergem e divergem e que, mesmo assim, funcionam de forma tão sistêmica e integrada. A gramática será apresentada por meio da fantasia dos livros literários, aproveitando, ainda, as informações contidas nos diversos textos que leremos. A matemática que está no passar do tic-tac do relógio, no tempo que corre com a pressa do coelho de Alice no País das Maravilhas, que está nas receitas do livro de dona Benta e da Tia Nastácia, nas Mil e Uma Noites, na contagem das conchas colecionadas durante as férias, nas páginas dos livros que lemos ou nas distâncias percorridas durante as viagens. Tempo presente, tempo passado, História e Geografia que nos mostram dados do passar desses tempos e espaços que se transformam continuamente. E assim vivemos o conhecimento vivo cheio de cores e de formas, que traz enigmas e nos ajuda a pensar com lógica e que se relaciona com as diversas áreas num movimento inter e transdisciplinar.
É isso que fazemos! Despertar a paixão adormecida de aprender, desenvolvendo o hábito de indagar sempre sobre tudo, inquietação esta que é tão viva nas crianças pequenas que querem saber o porquê de tudo, mas que num determinado momento da vida essa curiosidade adormece. Algumas perguntas estão sempre presentes quando paramos para planejar e definir novas metas de aprendizagem: o que faz essa curiosidade adormecer? Será um feitiço da fada da história da Bela Adormecida? Alguém já parou para perguntar? O que silencia nossa mente? Como reacender a chama da curiosidade provocando a sede de querer saber mais sobre o mundo? Educar, formar, transformar exige muita reflexão... E é essa a nossa missão!
Trazer a arte de enxergar e interpretar o mundo; provocar emoção e reflexão; expressar o pensamento e a visão de mundo; explicar e refletir a história humana; questionar a realidade, representá-la por meio das mais variadas linguagens, como fez Leonardo da Vinci, que desde a mais tenra idade buscou compreender o funcionamento do Universo. Tudo o atraía: as flores, o corpo humano, as pedras, as quedas d’água... Ele observava seus objetos de interesse e os desenhava para tentar captar seus segredos. Do que são constituídos? Como funcionam?
Surpreender com o que enxergamos, perceber que podemos enxergar por diversas óticas ou olhares, perguntar sobre tudo, pesquisar, persistir, trocar saberes e conviver com diferentes pontos de vistas, comunicar nossos saberes e descobertas sempre. Resolver problemas complexos, seguir questionando, aprofundar nossas pesquisas, criar soluções, duvidar do que está posto. Guimarães Rosa em sua grande sapiência disse: “Vivendo se aprende, mas o que se aprende mesmo é fazer outras maiores perguntas....” A escola deve ensinar e instigar a dúvida e os questionamentos, pois sem pergunta não há ciência. O conhecimento científico é sempre resposta a uma pergunta.
Explorar, brincar, vivenciar, observar, escutar, mapear, registrar, imaginar, desejar, sonhar, alegrar-se, trocar, dialogar, questionar, criticar, problematizar, cooperar, participar, relacionar-se, potencializar.... São ações que cultivamos para que nossos estudantes possam se colocar neste século como protagonistas e produtores de conhecimento hoje e sempre.
Sejam todos bem-vindos ao segundo semestre de 2019!!!
*Vera Lúcia Wohlgemuth Lobo é Diretora Pedagógica da Escola Interamérica.